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O mito como função simbólica de estruturação de um povo é tão importante quanto os fatos históricos. Uma vez que estes últimos são construídos a partir de memórias e que estas são carregadas de ficção, discursos afetivos (que podem ser manipulados por quem deseja o poder via discurso) e pontos de vista, não é possível entender a passagem de uma sociedade pelo tempo sem entender sua narratividade mítica. Assim, transformar fatos históricos em mito para compartilhar múltiplas leituras tem sido a base de nossas pesquisas dramatúrgicas. Os textos que temos criados sempre questionam, em suas próprias arquiteturas, sobre a validade do discurso que está sendo dito. Dando continuidade a esta investigação, desta vez nosso tema passa não pela escolha de um personagem ou fato histórico, mas pela própria construção da História, suas memórias e esquecimentos. Marabu, espetáculo infantojuvenil terá sua construção a partir do impulso fabular que já temos esboçado em diálogo com os acontecimentos históricos. Não se trata fazer um espetáculo documental, mas criar a fricção que fortaleça o mito que desejamos narrar. Nossas pesquisas de linguagem têm buscado nos contos tradicionais das culturas africanas e nos signos das religiões afro-brasileiras dispositivos de criação cênica. Não desejamos reproduzir tais elementos: as pesquisas sobre orixás e entidades do Candomblé e da Umbanda partem do conceito de arquétipos, tomar estas figuras como elementos disparadores para a criação de personagens, figuras que dançam entre o factual e o poético. Os contos são experiências de arquitetura narrativa e simbólica, servindo de apoio para o imaginário singular do Coletivo Quizumba. Todos esses elementos já se apontavam nos processos anteriores, exigindo aprofundamentos a cada nova criação artística.

MARABU

Projeto

inédito

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