Com direção de Johana Albuquerque e texto de Tadeu Renato, Oju Orum é um espetáculo voltado para o público jovem que tem como base de sua pesquisa elementos da cultura africana e afro-brasileira, tais como: a Capoeira Angola, o Samba, o Funk e as Narrativas Orais. A pesquisa para a dramaturgia surgiu das muitas versões da história da negra Anastácia (santa popular que teria o nome de Oju Orum em África), e de histórias recolhidas pelo Coletivo Quizumba em uma série de Núcleos de Investigação realizados no distrito do Jabaquara[1] com mulheres de diferentes idades e regiões do Brasil.
Dessas pesquisas e encontros nasceram quatro narrativas de jovens mulheres que expõem, simbolicamente, os discursos de poder que estão por trás da construção de gêneros. Caladas em suas falas e corpos, essas jovens procuram construir uma voz que lhes permita questionar e ressignificar suas vidas.
O espetáculo não pretende trazer uma versão da mulher como vítima, mas sim como ser histórico, trazendo à tona narrativas de mulheres comuns: suas vivências, experiências e lutas. Estes temas densos são contados através de imagens poderosas, canto, dança e narrativa, criando uma linguagem lúdica e reflexiva que estabelece um diálogo fluido com o público.
[1] Distrito localizado na Zona Zul da cidade de São Paulo/SP
OJU ORUM
FICHA TÉCNICA
Encenação: Johana Albuquerque | Dramaturgia: Tadeu Renato | Co-Direção: Sofia Botelho | Elenco: Camila Andrade, Jefferson Matias, Kenan Bernardes, Thais Dias e Valéria Rocha | Direção e Concepção Musical: Jonathan Silva | Músicos: Bel Borges e Bruno Lourenço| |Orientador de Pesquisa: Salloma Salomão | Cenografia: Júlio Dojcsar | Figurinos: Éder Lopes | Adereços-Brincante Claydson Catarina| Iluminação: Wagner Antônio | Preparadora Musical: Bel Borges | Preparação corporal e treinamento em Capoeira Angola: Pedro Peu |Direção em Dança: Verônica Santos | Documentarista-Fotos : Alicia Peres | Produção: Coletivo Quizumba.
SINOPSE
De Oju Orum um grande rio se fez, dando origem a outras três corredeiras. Alice, menina do sertão nordestino, água presa na cabeça sonhadora; Alzira, mineira fluída que não se prende por palavras nem braços; e Anita, adolescente da periferia paulistana, riacho que corre sob seus pés, desestabilizando certezas e provocando questionamentos e redemoinhos.
Quatro narrativas que se cruzam, se tocam, se misturam na correnteza do tempo.
Tendo como elemento disparador o mito da negra Anastácia, o espetáculo Oju Orun apresenta a história dessas quatro mulheres, em espaços e tempos distintos e simultâneos. Suas narrativas expõem, simbolicamente, os discursos de poder que estão por trás da construção de gêneros. Caladas em suas falas e corpos, essas jovens procuram construir uma voz que lhes permita questionar e ressignificar suas vidas.
O espetáculo não pretende trazer uma versão da mulher somente como vitima, e sim como ser histórico, sujeito e objeto dessas situações, trazendo a tona histórias de mulheres comuns, suas vivências, experiências e lutas. Uma busca por contar outras narrativas que vão para além da história hegemônica que impõe, em geral, a perspectiva masculina, heteronormativa, adulta, branca, urbana. É pela força do questionamento que acreditamos também no poder de um teatro voltado para juventude e na cultura afro como disparadores éticos e estéticos.